Hello mulherada neste blog vou publicar postagens para quem se interessa pela vida e cotidiano da mulher cristã que se dedicam as sua famílias ou se preparam para tê las na presença do Senhor... Vamos dialogar sobre casamento ou namoro, filhos, dicas de beleza e saúde. Sejam bem vindas!!! "Eu e minha casa serviremos ao Senhor"
domingo, 24 de abril de 2011
A espera...
Esse relato é um dos mais bonitos que já li, acredito que vale a pena ler para aquelas meninas e mulheres que esperam um grande amor, mas que as vezes se decepcionam durante esse longo e infinito caminho até chegar o momento certo com a pessoa certa preparada por Deus !
Eu li e me emocionei nesse texto e espero que sejam de bençãos para vocês !
Um grande Abraço
Tatiana
- Alô? João?
- Maria? Olá, Maria! Tudo bem?
- Tudo, João. E aí, como está o coração???
- Ah, Maria, não começa de novo, por favor…
- Tá legal, João. Não liguei pra isso não. Quero te fazer um convite. Posso?
- Manda bala.
- É que o Sammy Tippit vai pregar no ginásio da prefeitura, e vai sair uma kombi de cada igreja aqui da baixada, eu queria te convidar pra ir comigo. É grátis, vai ser no domingo à tarde, e vamos ter boa música e uma boa pregação. Topa?
- Topo.
- Como?!? Você topa?
- Topo, poxa! Era pra não topar?
- Não, claro que era pra topar! É que eu fiquei superfeliz!
- Tá. Que horas tenho que chegar? ”Tô à fim” de ir à noite, no culto, também.
- Nossa, cara, que legal! Olha, chega às 13:30, a perua vai estacionar às 14. Assim a gente não perde a condução, e ainda conversa um pouquinho. Nossa, estou superfeliz, João!
- Tá legal. Vou no culto da noite também. Só que agora tenho que desligar, que o chefe tá chegando. Beijinho. Tchau.
Maria amava a João. Eles namoraram por alguns meses, dois anos antes. Mas João voltara para a velha namorada e Maria ficara magoada, triste, mas não desesperançada. Sempre que podia, enviava telemensagens, e-mails, cartas, recadinhos. João nunca respondia. Ou, quando o fazia, inventava as desculpas mais esfarrapadas. Mas Maria era persistente, e continuava cheia de esperanças.
Muito mais agora, que João prometera ir à cruzada! Sammy Tippit envolvera todas as igrejas da região nessa cruzada. Cada congregação ganhara uma perua para buscar as pessoas. O ginásio comportava umas duas mil pessoas; assim, conseguiria encher todas as arquibancadas.
Ainda era quinta-feira. Maria não se agüentava de tanta felicidade! Até o domingo ela fez de tudo, para demonstrar a sua gratidão ao Senhor, e implorar-lhe a bênção: jejuou, orou por horas, leu muitos capítulos da bíblia, evangelizou, enfim, fez muito mais do que estava acostumada. No seu “diário”, decorou cada um desses dias com um arabesco diferente, colorido e trabalhado. Ela estava tão ansiosa, que perdera até a fome. Estava tão feliz, que cumprimentava a tudo pelo caminho: “Bom dia, poste!”, “Bom dia, gato!”, “Bom dia, hidrante!”. Ah, como é linda a paixão!
Já era sábado. Gastou um bom dinheiro no cabeleireiro, produzindo-se de forma brilhante. Pedira à mãe para apertar o vestido que comprara para o casamento da prima, e emprestara os sapatos de veludo colorido de Soraia, colega de escola. Ela teria, enfim, um encontro! Sim, João iria à cruzada!
Chega o domingo. O relógio marcava 13 horas, e Maria já se encontrava na porta da igreja. O sol brilhava forte, Maria estava debaixo da sombrinha, sem incomodar-se. O zelador ainda não abrira o templo. 13:30: começaram a chegar as meninas da sua turma de mocidade. Também os adolescentes, seus alunos, que iriam cantar no “grande coral da baixada”. Ela estava orgulhosa por ver os meninos integrados em atividades musicais de louvor tão clássicas e solenes.
Faltavam 10 minutos para as 2 da tarde, e a perua chegara. Maria agora suava frio. João não aparecia na rua, nem de um lado, nem do outro. ”Será que ele esqueceu? Oh, meu Deus, estou tão ansiosa!” Às duas em ponto todos estavam presentes, menos o João. Maria inventou, então uma desculpa, dizendo ter esquecido um prendedor de cabelos no banheiro feminino, e pediu para entrar. Pois sim. Ela queria ganhar tempo, para que o seu amor chegasse.
Mas às duas e dez o motorista da perua ameaçou deixá-la, caso não entrasse. Com um grande bico, carrancuda, entrou no veículo, rumo ao ginásio. E João não veio.
Chegaram no ginásio. Gente de toda a parte, de todos os lados, pessoas felizes, com faixas das igrejas, com camisetas coloridas, fitas nos cabelos, bandeirolas na mão, cada um fazendo a sua própria campanha. Maria conduziu o seu grupo para as escadas que davam de frente ao palco onde o coral e o Sammy estariam. Sentaram-se e conversavam muito. Mas Maria observava os portões. ”Será que o meu amor perdeu-se, será que ele vem de ônibus? Será que ele vai me surpreeender? Oh, Deus, por favor, não me deixe sozinha…”
Estava ventando muito nas escadas onde estavam. Marcos e as garotas pediram a ela se poderiam sentar-se lá do outro lado, pois não estavam se agradando do vento. Maria disse que sim. Perguntaram-lhe se não iria com eles, e ela disse que já estava bem acomodada ali. E eles foram embora, deixando-a sozinha. ”Poxa, que amigos da onça eu tenho! Ninguém quis ficar comigo”.
Começou o culto. O coral cantava maravilhosamente. Alguns solos, avisos, e Sammy Tippit pregou a Palavra de Deus, sob a interpretação maravilhosa do Pr. Tércio, da Primeira Igreja Batista de Maceió. Depois do apelo evangelístico, dezenas e dezenas de pessoas desceram das escadas, em lágrimas, entregando-se a Jesus.
Maria ficara feliz, com certeza. Mas o seu coração estava arrasado. O João não veio. E ela queria que essa tarde fosse uma tarde completa: ela e o João. Ela queria estar ao lado de quem amava. Seu coração pulsava forte por João, mesmo que dois anos os separassem.
Assim que Sammy orou pelos decididos, o povo foi se levantando para ir embora, pegar a condução. Mas o coral ainda cantava. Maria ficou até o fim. Maria ouviu parte por parte. Seus garotos estavam cantando, ela fez questão de prestigiá-los. Quando terminaram, ela levantou-se e aplaudiu efusivamente a apresentação, e desatou a chorar. E chorava copiosamente. Seu coração doía. Ela já não sabia se chorava de alegria pelas conversões, ou pelo gozo de ver seus meninos cantando uniformizados, ou se lamentava a ausência de João. Olhou à sua volta. Não sobrara ninguém! Ela estava absolutamente sozinha. A única que ficara sentada na arquibancada!
Maria chorou, e ninguém a consolou.
- “Senhor, por que comigo? O que foi que eu te fiz? A Gláucia, a Cíntia, a Beth, a Zenaide, todas são felizes, estão namorando, e não sofreram assim! Elas me pressionam, Senhor, dizem que não sou normal! Onde está o João, Senhor? Onde estão os meus amigos? Onde está a minha felicidade?”
Ah, sim. A dor que Maria sentia era muito grande. Não era manha não. Nos seus 21 anos, Maria era virgem. Guardara-se para agradar ao seu Criador, honrando ao Senhor Jesus. Maria era trabalhadora, desde os 14 anos nunca deixara de exercer alguma função, e agora era secretária numa boa empresa. Era a primogênita da família, uma filha excelente. Seu quarto era um brinco, seus pais muito a amavam. E, na igreja, um exemplo: recepcionista de visitantes, professora dos adolescentes, cantava solos, dava cursos de artesanato e participava da sociedade de moças. Sua beleza era inconfundível: uma pinta bem debaixo da orelha direita exercia um charme especial. Quando sorria, lindas covinhas se abriam, e os seus loiros cabelos brilhavam mais ainda, combinando com aqueles olhos de um azul claríssimo! Linda, trabalhadora, inteligente, amada, Maria não queria outro homem, somente o João, seu primeiro e grande amor. Maria sentia-se só.
Quantos de nós não somos como Maria, detentores de um vazio enorme dentro do coração, frustrados com as coisas que não acontecem, ou fartos de outras que teimam em acontecer! Quantos de nós ficamos sentados, sem um amigo verdadeiro do nosso lado! Ninguém conhece as profundezas de nossos corações!
Ainda nas escadas do ginásio, Maria orou com a bíblia no colo:
“Senhor, fala comigo! Eu não agüento mais! Senhor, eu preciso ouvir a tua voz!”
Então ela fez algo incomum em sua formação bíblica. Resolveu abrir a sua bíblia aleatoriamente. Sua bíblia estava toda marcada, grifada, sublinhada, com canetas de todas as cores. Então, ao abri-la, deparou-se com um versículo saltando da página, como se dissesse “me leia, por favor!”. Ei-lo:
“Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.
O texto era Jeremias 29.11. Maria leu, releu, leu novamente, e orou:
“Senhor, se és tu quem falas comigo, então mostra-me que planos são estes! Que futuro é este! Que esperança é esta! Sinto-me sozinha, sinto-me abandonada, indesejada! Senhor, eu preciso saber quais são os teus planos para mim! ”
Maria foi embora na perua. Chegando na igreja, foi ao banheiro, lavou seu rosto, arrumou-se um pouco e foi ao seu lugar especial, no quarto banco à esquerda, próximo do ventilador.
Com o coração pesado, Maria sentia vontade de estar invisível, de não ser notada, de ser só ela e Deus, naquele momento. O pastor solicitava os cânticos, Maria só ouvia as canções, acompanhava com o pensamento. Mas, por fora, apenas lágrimas copiosas rolavam de suas faces. João não viera ao culto também. Não, ela nem olhava para a porta do templo. De que adiantaria?
Maria chorava. Enquanto o pastor pregava, Maria estava à quilômetros de distância, sentindo o rosto a queimar, o peito a doer, o corpo a moer. Duas senhoras, sentadas próximas, lhe perguntaram: “Maria, o que há? Você está bem? Está sentindo dores? Quer que tragamos água, ou a acompanhamos até o banheiro?” Gentilmente Maria desculpou-se, dizendo: “Não, irmãs. Eu estou em comunhão com Deus”. As irmãs, imediatamente a deixaram em paz. É como se estivessem tocando em solo sagrado. As lágrimas derramadas na presença de Deus, não devem ser represadas.
Ah, quando o peso é grande demais, quando a dor é forte demais, quando o abandono é longo demais, quando a frustração é profunda demais, sentimo-nos como Maria! O rosto nos queima, as canções soam longe, a pregação nos escapa, o mundo muda de ritmo, parece que tudo custa a passar! Estar com o Senhor é o melhor lugar, em tempos de perturbação!
Maria dizia em seu íntimo:
“Senhor, que planos tens para mim? Que esperança me dás, se as coisas que mais quero não consigo ter? Aonde está o meu João? Aonde está o respeito das minhas amigas? Eu sou diferente, Senhor! Todas têm namorados, todas estão quase se casando, e eu estou aqui, sozinha, chorando por um homem que não me ama! Fala comigo, Senhor!”
O culto terminara. O pastor dera a bênção apostólica e fora à porta, despedir os membros. Maria, que era uma das primeiras a confraternizar-se, ficou sentada. Suas pernas pesavam, ela estava fraca, sentia-se mal, queria morrer. ”Fala-me, Senhor!”
Depois do tumulto do instante inicial, o corredor foi se tornando mais livre, e as crianças corriam de um lado para o outro. Julinho, um garotinho espoleta, correndo por todos os lados, tropeçou numa bíblia, pegou-a correndo, deu-a aberta à Maria, e disse: “Tó, tia, tô indo. Tchau”.
Maria tomou a bíblia e, antes de fechá-la e colocá-la no encosto do banco, viu acesos alguns versículos grifados, e decidiu lê-los antes. Ei-los:
Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.
Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.
Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
Então ela pensou:
“Meu Deus! Paulo dava graças mesmo padecendo necessidades! Paulo passava fome também! Era isso que ele queria dizer, quando falava POSSO TODAS AS COISAS NAQUELE QUE ME FORTALECE!”
Foi como o sol a nascer no horizonte da vida de Maria. O Espírito Santo mostrara-lhe algo que lhe era encoberto: “ANTES DE PENSAR NAQUILO QUE NÃO SE TEM, AGRADEÇA PELAS COISAS QUE TEM”. Sim, era disso que ela precisava! Mas, como tirar a dor do coração? Como esquecer do João, ou do opróbrio?
Maria ajoelhou-se, tomou as mãos e fez um gesto, como a colocar sobre o banco um pacote. E disse:
“Senhor, eu não sou capaz de agradecer pela necessidade. Eu não sou capaz de gostar do teu plano para a minha vida. Mas EM CRISTO, que me fortalece, eu serei capaz. Capacita-me, ó, Pai! Agora, Senhor! Dá-me um coração igual ao teu, meu Mestre!”
A dor não saiu rapidamente, mas Maria levantou-se dali decidida.
Ela decidiu não ligar mais para o João. Se alguém estava perdendo nessa história, esse alguém era ele e não ela. Portanto, se ele não dava valor, então era porque o Senhor não o havia designado como companheiro para ela.
E, sobre esse assunto, Maria decidiu pensar o menos possível. Disse ela: “Se eu pensar no quanto sou infeliz sozinha, os meus problemas não melhorarão. E, se eu pensar que Jesus está comigo, não vou piorar. Então eu escolho não pensar mais na solidão, e entregá-la nas mãos de Deus”.
Ela decidiu ignorar o opróbrio das amigas. Ela explicou a elas que, se elas estavam namorando e iam se casar em breve, que agradecessem ao Senhor por isso, mas que não quisessem obrigá-la a ter a mesma coisa, pois, em sua vida, os planos de Deus eram outros, e isto tinha que ser respeitado. Suas amigas entenderam, e não forçaram mais nenhuma situação embaraçosa.
Sua fisionomia já não estava abatida. Pelo contrário, Maria agora estava mais simpática que nunca! Lecionava com mais amor e vigor, aos seus adolescentes; cantava com gratidão ao Senhor; recebia os visitantes com grande simpatia; enfim, tudo ficou melhor. Ela dizia:
“EM TUDO DOU GRAÇAS, MESMO PELAS COISAS QUE NÃO GOSTO. DEUS TEM PLANOS PARA MIM, PLANOS DE PAZ, PLANOS DE VIDA, PLANOS DE ESPERANÇA. VOU CONFIAR!”
E Maria tornou-se feliz.
Dias atrás, soube que casou-se! Sim, um jovem garboso e elegante (garboso? essa palavra é arcaica; hoje se diz “saradão”…), muito crente, gentil e responsável, atravessou o seu caminho quando ela menos esperava. Os dois se gostaram tanto, se entenderam tão bem, se atraíram tanto, que casaram-se, numa festa de fazer cair o queixo. O primeiro filho chama-se JEREMIAS, e o PAULO está prestes a nascer. Que coisa!
Limpando as gavetas
(Leticia Thompson)
E por falar em coisas bonitas,
Aqui vai um brinde para você
Se é verdade que a cada dia
basta sua carga, por que então
teimamos em carregar para
o dia seguinte nossas mágoas e
dores?
Há ainda os que carregam para
a semana seguinte, o mês seguinte
e anos afora...
Nos apegamos ao sofrimento,
ao ressentimento,
Como nos apegamos a essas
coisinhas que guardamos nas
nossas gavetas,
sabendo inúteis, mas sem
coragem para jogar fora.
As marcas e cicatrizes ficam
para nos lembrar da vida, do que fomos,
do que fizemos e do que devemos evitar.
Não inventaram ainda uma
cirurgia plástica da alma,
onde podem tirar todas as
nossas vivências e nos deixar
como novos.
Ainda bem...
Não devemos nos esquecer do
nosso passado, de onde viemos,
do que fizemos, dos caminhos que
percorremos.
Não podemos nos esquecer de
nossas vitórias, nossas quedas e
nossas lutas.
Menos ainda das pessoas que
encontramos, essas que direcionaram
nossas vidas, muitas vezes sem saber.
que não podemos é carregar dia-a-dia,
com teimosia, o ódio, o rancor, as
mágoas, o sentimento de derrota e o
ressentimento.
Acredite ou não, mas perdoar a quem
nos feriu dói mais na pessoa do que o
ódio que podemos sentir durante toda
uma vida.
As mágoas envelhecidas transparecem no
nosso rosto e nos nossos atos e moldam
nossa existência.
Precisamos, com muita
coragem e ousadia,
abrir a gaveta do nosso coração
e dizer:
Eu não preciso mais disso,
isso aqui não me traz
nenhum benefício
E quando só ficarem a lembrança
das alegrias,
do bem que nos fizeram,
das rosas secas, mas
carregadas de amor
mais espaço haverá para
novas experiências, novos
encontros.
Sua vida merece que, a cada dia,
você dê uma chance para que ela
seja plena e feliz.
sábado, 2 de abril de 2011
Como saber?
Como saber? O que considerar? Questões ponderáveis ou imponderáveis? Razão, emoção ou intuição? Já pensou se existisse uma espécie de equipamento de raios-x ao qual pudéssemos submeter a pessoa por quem estamos interessados para avaliar as chances de a relação dar certo, ou ao menos um percentual de compatibilidade de gêneros. Algo como um sistema validado pela ciência ou qualquer órgão que julgássemos confiável?
Sim, parece mesmo que seria ótimo. Assim, pouparíamos não só boas doses de dúvidas, medos e angústias, mas também aquela irritante sensação de que perdemos um tempo precioso de nossas vidas investindo na pessoa errada. Além disso, um diagnóstico que nos mostrasse se, estatisticamente, essa pessoa vale e merece nossos melhores sentimentos, serviria também para evitar riscos terríveis, tais como sermos enganados, gostar de quem, que em algum momento, poderia deixar de gostar da gente. Enfim, muitos dissabores e decepções.
Porém, essa não é a dinâmica da vida e nem doa mor. Pessoas e sentimentos não são precisos ou mensuráveis. Relações não são definitivas. Tudo o que vivemos, ou melhor, tudo o que é vivo, é flexível e passível de transformações, num constante e infindável movimento de construção, desconstrução e reconstrução. E, por isso mesmo, nesse contexto, medidas e valores são absolutamente questionáveis. Ou seja, o que é perder tempo com a pessoa errada?
Tempo? Que tempo? Em qual tempo nos baseamos para avaliar a sensação de perda: antes, durante ou depois? Perder o que? O que seria possível perder de verdade quando falamos de relacionamentos? Pessoa errada? O que é pessoa errada? Pra quem? A partir de que momento? Se fosse sempre errada, não teríamos começado um relacionamento com ela, disso tenho certeza! Em alguma medida, em algum tempo, algo se ganhou e ela foi, portanto, a pessoa certa!
O problema é que perguntamos demais. Pensamos demais. Julgamos demais. E, nesta mesma medida, vivemos de menos, fazemos de menos, sentimos de menos. Abrimos mão do essencial e, com medo de sofrer, sofremos por conta do que pode haver de mais terrível: o desperdício de tentar. Sim, porque no final das contas, é a única possibilidade que temos – tentar! Ir lá e fazer o que for possível, até quando for possível...
Não dá mais? Acabou? Deu? Ok... Esteja certo de que você não perdeu nada, muito menos tempo. Perder tempo é deixar de viver, deixar de tentar. E se, ainda assim, sente que perdeu, é porque não olhou direito, não amadureceu o suficiente. Ainda está achando que era a pessoa errada? Bobagem! Esqueça isso de pessoa certa ou pessoa errada! Existem apenas pessoas, pessoas tentando, relacionando-se, trocando, desejando apenas serem felizes e amadas.
E assim é composta a melodia do amor: de tentativas, cada dia mais ricas e consistentes, entre pessoas que se sabem crescendo, aprendendo, ganhando e, sobretudo, vivendo! Pessoas, no final das contas, sempre, sempre certas!
Dra. Rosana
Psicóloda e Consultora
Traição
Para qualquer casal a traição quando acontece é naturalmente um motivo de profunda tristeza, ressentimento, frustração, surpresa, brigas.
Em cada cultura a relação com outro parceiro terá um significado próprio, mas nas culturas monogâmicas a relação extraconjugal não é aceita. Vivemos no modelo da monogamia e dentro desse modelo a proposta é de exclusividade na relação e todo terceiro é visto como um intruso, uma ameaça à dupla já formada.
No geral, o triângulo em qualquer tipo de relação costuma trazer confusões e dificuldades, seja entre amigos, no trabalho e acima de tudo na vida conjugal. Nesses cenários se repetem os mesmos movimentos, dois se unem, um se sente de fora, mais adiante a dupla muda e será um outro o excluído. À medida que todos se tornam adultos essa dinâmica passa a ser mais administrável e mais fácil, menos persecutória, mas ainda assim todos conhecem aqueles que não conseguem compartilhar amigos, que não sabem conviver em grupos de trabalho e assim por diante. De toda forma existe, em especial na vida adulta, uma área onde o terceiro não deve nunca existir, nas relações amorosas. Não há crescimento e amadurecimento que leve à uma aceitação desse tipo, somos criados na nossa cultura para sermos fiéis. Compreendemos que quando há uma escolha por um parceiro devem ficar de fora todos os outros e dentro dessa regra e desse desejo seguimos.
Acontece que precisamos perceber que a traição, quando estamos falando de casais adultos, experientes e maduros, na maioria das vezes acontece por determinadas razões, situações, sentimentos, medos, erros que levam a esse desfecho. Acima de tudo costumo acreditar que a traição tem um sentido dentro daquela dupla, ela representa um aspecto adoecido da relação em questão.
Com isso não quero dizer que não haverá dor, ressentimento, profunda tristeza, ninguém em um primeiro momento lida com a traição como um representação de aspectos de uma relação. Ela é vista e sentida prioritariamente como um golpe não anunciado. Poderia dizer que a traição é o último recurso, o último grito de que algo não vai bem, que alguém não está feliz, normalmente os casais já manifestaram suas insatisfações, mas muitas vezes não foram percebidas e eles mesmos as atropelaram. Muitos são maduros o suficiente e conseguem administrar os problemas conjugais de outra forma, brigam, discutem, conversam ou se separam, muitos porém “atuam” a dificuldade, transformam em ato aquilo que não sabem expressar.
Com tudo isso, quero apontar que nem sempre a traição acontece por falta de caráter, por malandragem (usando termos coloquiais) e muitas vezes porque aquele que trai tem uma profunda dificuldade em nomear, verbalizar e até perceber o que está sentindo, que deseja mudanças, que se sente insatisfeito. Claro que podemos sempre dizer que muitos se sentem assim e não recorrem à uma outra relação, o que é absoluta verdade e por isso o sofrimento é ainda maior, quando se está com alguém que não soube ser adulto ou maduro para abrir o jogo e expor suas questões afetivas. Também entendemos a traição como um desejo quase infantil de reparação imediata das insatisfações da vida e como uma fuga da realidade, pois é na fantasia que uma relação extraconjugal se forma e se mantém, a maioria quando confrontada com a realidade não segue adiante.
É possível compreender a traição como um gesto que leva à uma crise entre o casal e se essa crise acontecer em um casal que, apesar de tudo, deseja estar junto, deseja recomeçar, reparar os erros, retomar do ponto de onde se perderam, ela terá por fim uma utilidade, ela servirá como seta apontando para a necessidade de uma nova direção.
Toda crise conjugal tem um significado, uma razão para acontecer, a crise não precisa ser necessariamente o caminho para um ruptura, ela pode, apesar de toda a dor e sofrimento, ser um período que levará à mudanças e transformações, ao crescimento e amadurecimento, em muitos casais ao fortalecimento da relação, à um novo encontro dentro de uma antiga união.
Um abraço,
Juliana
Este artigo foi escrito por:
Dra. Juliana Amaral
Psicóloga
Currículo
Dra. Juliana Amaral é:
Psicóloga Clínica, Psicanalista, formada pela PUC.RJ. Atendimento clínico em consultório particular ha 10 anos. Atendimento de crianças, adultos e família.
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